Com sua célula solar de perovskita, material considerado o futuro da tecnologia, pesquisadores da Austrália resolvem problema de degradação, passam em testes internacionais e abrem caminho para a comercialização.
Nos últimos anos, cientistas e empresas de todo o mundo têm focado seus trabalhos no desenvolvimento da tecnologia de células solares de perovskita.
Com menores custos de produção e maior potencial na conversão de luz em energia, o material pode revolucionar o mercado, que desde os anos 50 é dominado pelas placas solares de silício que compõem o kit de energia solar.
Além de permitir células 500 vezes mais finas que as de silício, a perovskita ainda é um material flexível, abrindo inúmeras possibilidades para o uso da energia solar fotovoltaica.
O problema, até então, era encontrar uma forma de retardar a rápida degradação da perovskita quando em altas temperaturas, o que tornava sua vida útil ínfima comparada a do silício.
A solução apresentada pelo time de 14 pesquisadores australianos, a maioria deles trabalhando na Universidade de Sydney e na Universidade de Nova Gales do Sul, parece simples.
Segundo o artigo publicado na revista Science, a estabilidade térmica da perovskita foi alcançada utilizando um revestimento de vidro de alto desempenho e uma borracha sintética ao redor da célula.
A equipe submeteu as células a três conjuntos de testes padrão da Comissão Eletrotécnica Internacional (International Electrotechnical Commission, ou IEC), que incluem repetidamente alternar as células em temperaturas de -40 °C a 85 °C, além de expô-las a altos níveis de umidade.
“As células não apenas passaram nos testes de ciclagem térmica, como também excederam os requisitos dos testes de calor úmido e congelamento de umidade”, disse Anita Ho-Baillie, professora na Universidade de Sydney e uma das líderes da pesquisa.
“As células de perovskita abrem o mercado de maneiras que não pensávamos. São leves, flexíveis e você pode dobrá-las e desenrolá-las. Para nós, o céu é o limite”, completa.
A pesquisadora também informa que sua equipe está agora “torturando” as células solares com plasma espacial no intuito de descobrir um caminho para o seu uso no espaço.
Embora ainda esteja anos longe de chegar ao mercado, a descoberta pode ser o caminho para novas e potencialmente muito baratas formas de fabricar células e placas solares.