O Estado Mais Solar dos EUA, Califórnia Apresenta Emissões do Setor Elétrico Abaixo de Níveis de 1990

Opositores podem tentar negar, mas é incontestável que o aquecimento global é uma realidade e que precisamos reduzir nossas emissões de poluentes se desejamos alcançar um futuro de sustentabilidade e qualidade de vida.

Os Estados Unidos representam muito bem esse contraste, tendo eleito um presidente cético quanto as mudanças climáticas e, ao mesmo tempo, registrando recordes incríveis de redução de carbono devido ao uso de fontes renováveis.

Tal marco foi alcançado no estado americano da Califórnia, que em 2016 registrou níveis de emissão de GEE (Gases do efeito estufa) menores dos que os registrados em 1990.

Os dados foram divulgados no último dia 11 de julho e fazem parte do relatório Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa de 2016, de autoria da California Air Resources Board (Bancada de Recursos do Ar da Califórnia, ou CARB em inglês)

Segundo o relatório, 429 milhões de toneladas de GEE foram emitidas em 2016, valor abaixo das 431 toneladas emitidas em 1990, uma queda de 13% em relação a 2004 e menor nível desde então, ano em que os níveis atingiam máximas.

De acordo com as informações passadas pela CARB, essa redução equivale a retirada de 12 milhões de carros à combustão das ruas ou 6 bilhões de galões de gasolina por ano.

Com essa marca, o estado também já alcança quatro anos antes do prazo a sua meta de descarbonização estipulada em 2006, que previa níveis abaixo dos anos 90 até 2020.

Sem grandes surpresas, os dados do relatório mostram que a maior parte dessa redução foi trazida pelo setor elétrico do estado, que passa por forte transição em rumo as fontes renováveis de energia, especialmente a solar fotovoltaica.

Menos de 70 milhões de toneladas de CO2 foram emitidas pelas fontes de geração elétrica na Califórnia em 2016, redução de 18% ante 2015 e cerca de 1/3 das 100 milhões de toneladas emitidas em 2000.

E, embora as fontes eólicas e geotermal também apareçam nesse mix, é a solar fotovoltaica que mais brilha no ensolarado estado, tendo já conseguido atender 13% da sua demanda elétrica em 2017, incluindo energia centralizada e distribuída.

Juntos, esses dois segmentos, que representam as usinas solares e os sistemas fotovoltaicos nos telhados, respectivamente, cresceram 33% entre 2015 e 2016.

Outra fonte de destaque foi a hidroeletricidade que, mesmo importada de fora do estado, ainda é mais vantajosa que energias poluentes locais devido a programas do governo e apresentou crescimento de 39% em 2016.

Menos Poluição, Mais Crescimento

Um dos aspectos mais fascinantes dessa transição da Califórnia é que, enquanto o estado supera suas metas de descarbonização, sua população e Produto Interno Bruto (PIB) crescem.

O total de emissões per capita caiu cerca de 1/4 e as emissões por unidade do PIB em cerca de 1/3, com uma clara dissociação das emissões do PIB a partir de 2003.

Segundo a CARB, a Califórnia agora produz duas vezes mais bens e serviços pela mesma quantidade de CO2 emitida em comparação ao resto dos EUA.

Mas, enquanto o setor elétrico melhora, os meios de transporte californianos, maior entre os emissores de GEE com 41% da cota, piorou em relação a 2015, aumentando 2% em 2016.

O setor industrial, segundo colocado no ranking, teve uma queda de 2% em relação a 2015, ficando com 23% da fatia de emissões em 2016.

Juntos, eles representam quase 2/3 das emissões do estado e mostram onde os esforços agora devem ser focados para que as emissões cheguem aos níveis desejados para 2030 (260 milhões de toneladas).

Fontes:       CARBSite