O sucesso da missão da sonda chinesa Chang’e-4, a primeira a pousar na face oculta da Lua, parece ter encorajado o governo do país a retomar um antigo e ambicioso projeto: uma usina solar espacial com gigawatts de capacidade.
Anunciado na revista Science and Technology Daily, o audacioso projeto prevê a instalação de centenas de milhares de placas solares na órbita terrestre para a captação ininterrupta da luz do sol e sua conversão em energia elétrica, que seria então enviada através de micro-ondas até um receptor na Terra.
Segundo a publicação, os primeiros testes necessários para essa nova façanha do governo chinês já estão em andamento no município de Xunquim, localizado na região central da China.
Os planos do projeto são nada menos do que futurísticos, até mesmo para um país responsável por algumas das maiores obras arquitetônicas modernas.
A estrutura da usina seria construída através de impressoras 3D e montada por robôs a uma altura de 36 mil km do solo, ficando em órbita geoestacionária sob um ponto específico da superfície do planeta.
Dessa forma, as placas solares estariam imunes às variações de radiação causadas pelas estações sazonais e poderiam, segundo os pesquisadores, gerar energia 99% do tempo.
Além disso, sem a resistência da atmosfera, uma quantidade 6 vezes maior de luz solar chegaria aos módulos, aumentando significativamente a eficiência de geração da usina solar espacial em relação aos projetos em solo.
Toda essa geração elétrica solar ainda poderia, de acordo com os cientistas responsáveis pelo projeto, ser utilizada para alimentar satélites, espaçonaves e estações espaciais lunares.
Com os avanços recentes na conversão elétrica em micro-ondas e aumentos da eficiência das células fotovoltaicas, as chances do projeto sair do papel existem, restando aos cientistas japoneses lidarem agora com a escala colossal do projeto espacial.
Baseado nos prazos estabelecidos para as plantas pilotos de menor porte, previstos entre 2021 e 2025, os cientistas chineses parecem preparados para o desafio e já planejam uma planta de 1 megawatt para 2030.
Entretanto, mesmo que o projeto não saia do papel, quando o assunto é energia solar fotovoltaica a China ainda é a referência mundial, com uma capacidade instalada de mais de 170 gigawatts.